sábado, outubro 08, 2011

desaprendido de ser

feito de algo e motivos inefáveis; sou mais um de uma multidão pálida;

desprovido de aptidões completas, não sei ser poeta, não sei ser palhaço, músico ou interprete, nem mesmo pensador ou sábio.
parece mesmo que sou aquele que tem o dom de sentir demais, e disto ninguém sabe e ninguém vê;
já tive e tenho invejas de coisas e de gente, que expressam com maior nitidez toda a arte que imagino possuir;
percebo coisas e as penso, que ao tentar transmiti-las, ou por tons de prepotência ou confusão, não agradam nem menor ou maior ser que conheça;
meu comportamento "purista" e de desprendimento ao capital, como dizem os adeptos de derrisão, parece ter mais força para um desgaste de relação, seja ela qual for; 
já tive diversas profissões envolvido em diversos contextos, e em todas elas não sou ouvido por ideias, atitudes e nem sugestões;
nem mesmo no amor, do qual meu aconchego e meu alento se encontram, me sinto pequeno em presença de ser;
eu queria ser coisa ou animal, que são o que são, e não necessitam de definição para serem;

tenho tanto que não consigo dar;
penso tanto que não consigo dizer;
sou tanto que não consigo ser;

sou muito do que dizem que sou e do que pensam de mim;
mas sou mais do que simplesmente deduzem;
sou mais um desta multidão pálida, que em derrisão cultural, quero ser aprovado por meus "shows" cotidiano;
ser admirado, querido e aplaudido daquele pensamento, atitude ou palavra;

sou mais solidão, que boa companhia;
sou mais carente do que nímio;
sou mais egocêntrico, que simplório... não sou nada que pensei;
definido por tantos e querendo me definir ao oposto, apenas desaprendi a ser!