domingo, março 16, 2008

camiranga

Entre o incerto e o já sentido, há na certeza do medo uma dúvida maior... O por quê de tudo? Há uma vontade desesperada de consumir o dôce todo, até lambusar-se. Pois criança faminta e alvoroçada, já viu partir a coragem de pacientar a chegada lá no chão razo.
A lágrima que caiu, por vezes de consequência de outrora... ah, deixou brotar, mas a água secou e berrou. De hoje em diante sobrou apenas o vão buraco, o torto galho e um vago ninho que no deserto não tem frutos, e é seco também.
O sertão já choveu o suor do retirante. E retirando pra lida, não se teve um só grão, um só botão que se desprendeu da roupana velha.
A camiranga já esteve pertiiiinho... bicando as beiradas dos sonhos... Hoje! A lua cheia já canta a paz que se quis, mas ainda há alguma cinzenta que a transpassa, deixando a desgraça camiranga de vez, ainda vir beliscar sonhos.
Dum sorriso sincero, que o sol queimou e que a jornada pesou, fez da caminhada a batalha de todo dia. O machado, a enchada e o torniquete, a custo sempre foram vistos. E por vez, o sorrir ligeiramente assemelhava-se ao choro. Já se via a rugas. E as bicadas da malvada cabeça-vermelha, fizeram com que sonhos, já corressem dos sonhos, fossem pros sonos e pra nunca mais voltar.

Um comentário:

Daniel Montes disse...

A poesia de nossos dias, a sinceridade se esvaido, a certeza do incerto, a duvida que nunca acaba.
Os sonhos já não mais aparecem no brilho do dia, talvez na escuridão melancólica e sombria.
Mas amanhã vem o raiar do sol, e novamente a poesia de um novo dia.